Educação pelo trabalho


O trabalho certamente é uma das principais características que define o ser humano. É pelo trabalho que o homem transforma a natureza, garante sua sobrevivência, relaciona-se com os outros; pelo trabalho o ser humano se posiciona socialmente, deixa sua marca no cenário onde vive, adquire uma profissão. Podemos dizer que o ser humano se faz pelo trabalho, porque ao mesmo tempo que produz coisas, torna-se humano, constrói sua própria subjetividade. Se olharmos ao nosso redor percebemos que praticamente tudo o que manipulamos é resultado do trabalho, da ação humano que transforma matérias primas em bens de consumo. O mundo seria completamente outro se não fosse a ação do trabalho que interfere no mundo e o transforma. Conforme ressaltam muitos pensadores o trabalho constitui-se num processo de humanização, pois a espécie humana, humaniza-se no e pelo trabalho.

No entanto, historicamente o trabalho sempre teve diversas faces: na cultura tribal as pessoas dividiam as tarefas de acordo com sua força e capacidade; com o advento da propriedade privada, houve uma nítida divisão social do trabalho e com isso as relações de dominação e a desigual na apropriação dos frutos do trabalho; nas sociedades escravagistas a divisão do trabalho se intensificou entre as atividades intelectuais e as atividades braçais e com isso o aumento da desigualdade que também se faz sentir no mundo educacional; no mundo moderno/industrial o trabalho torna-se mercadoria e fonte de alienação onde milhões de trabalhadores se submetiam as condições mais aviltantes de exploração para ganhar um salário de miséria que muitas vezes nem garante a sobrevivência. Em todo este percurso histórico, houveram lutas, conquistas, transformações. Bem ou mal construímos a sociedade moderna que hoje apresenta sinais de crise, inclusive no mundo do trabalho. O desemprego certamente é apontado como uma das principais preocupações humanas. 

Chegamos aos dias atuais e percebemos que estamos vivendo uma profunda crise no mundo do trabalho. Nossos noticiários estão repletos de manchetes que tratam do problema do trabalho: desemprego, reforma da previdência, recessão, inflação em alta, fechamento de postos de trabalho, queda nas exportações e o desemprego, mecanização do campo e o êxodo rural, automatização da indústria e o fim da empregabilidade, informatização dos serviço e a substituição do ser humano pelas máquinas, falta de investimento nos setores produtivos e especulação financeira, fechamento de indústrias e a demissão de milhares de trabalhadores.  O que há de comum em todas estas manchetes é todas, direta ou indiretamente, estão associadas ao problema do trabalho. 

 

Uma análise mais profunda por parte de alguns sociólogos indicam que estamos vivendo um momento de transição da sociedade do trabalho para a sociedade do consumo e com isso uma mudança drástica na forma de compreender a dinâmica da vida e as relações sociais. Pedagogicamente precisamos nos questionar: qual o futuro do trabalho e do trabalhador? De que forma o trabalho pode ser compreendido pedagogicamente? Que noções de trabalho estão sendo assimiladas pelas novas gerações? De que forma a educação interfere no processo de formação da consciência do trabalho? O que significa pensar na pedagogia do trabalho? Que ensinamentos e que aprendizagens estamos oportunizando para as futuras gerações que hoje frequentam a escola e que serão responsáveis pela condução da humanidade no futuro próximo? São questões que não podem ser negligenciadas se quisermos construir um futuro melhor e socialmente responsável.