Dia Mundial de Combate ao Câncer


Saiba como prevenir uma das doenças que mais cresce no Brasil e no mundo em termos de incidência e mortalidade e de que forma a pandemia está impactando o diagnóstico e tratamento da doença

Em dez anos (2010-2019), o número de mortes por câncer no Brasil só aumentou. Em 2010, o país registrou cerca de 180 mil mortes e em 2019, passou dos 235 mil óbitos, um aumento de 31% (DataSUS)No Rio Grande do Sul (RS), por exemplo, em 2010 ocorreram cerca de 16,5 mil mortes e em 2019, foram quase 20 mil óbitos, um aumento de 20%. Já na macrorregião norte do RS, com quase 150 municípios, entre eles Passo Fundo, o aumento também foi de quase 20%, passando de cerca de 1,7 mil mortes (2010) para mais de 2 mil (2019).

Um cenário que preocupa e que mostra a necessidade de ações efetivas no combate à doença. “A mortalidade tem relação direta com dificuldades de diagnóstico precoce e acesso a tratamentos adequados. A mortalidade por câncer nos EUA e União Europeia vem diminuindo consistentemente ano após ano. No Brasil, ocorre o contrário, pois não temos políticas públicas eficientes de diagnóstico precoce de câncer de mama, pulmão e intestino grosso, por exemplo, que estão entre os mais incidentes. Além disso, o acesso aos meios diagnósticos e terapêuticos tem gargalos importantes como o congelamento do financiamento da saúde pelo governo federal desde 2016”, observa o oncologista do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado, que integra o Comitê de Defesa Profissional e Políticas Públicas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).


Incidência: 625 mil novos casos

 Para o Brasil, a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 aponta 625 mil casos novos de câncer (Inca). O câncer de pele não melanoma configura como o mais incidente (177 mil), seguido pelos cânceres de mama e próstata (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil). 

A incidência de câncer no Brasil e no mundo é crescente há décadas, sendo mais intenso nos últimos anos, podendo se tornar a principal doença da população já no final desta década, ultrapassando as doenças cardiovasculares. “Este aumento tem a ver com o envelhecimento da população, fatores ambientais como poluição do ar, da água, agrotóxicos, hábitos de vida como tabaco, alimentos multiprocessados, sedentarismo e obesidade. Para diminuirmos a incidência do câncer são necessárias políticas públicas de incentivo a alimentos orgânicos, estímulo de exercícios físicos e pesada tributação dos fatores nocivos à saúde”, ressalta o oncologista.

Pandemia e seus impactos

Estudo publicado em dezembro no Observatório de Oncologia, baseado em dados secundários obtidos do Sistema de Informações Ambulatoriais do Departamento de Informática do SUS (DataSUS), indicou redução de 32% nos procedimentos diagnósticos realizados no SUS em 2020 comparado com 2019. No RS, a redução foi de quase 29%.

 Para o oncologista do CTCAN, a pandemia reduziu os procedimentos diagnósticos e terapêuticos, agravando uma realidade que já não era boa. “Com menos tratamentos teremos vidas encurtadas logo à frente. Com menos diagnósticos nos anos 2020 e 2021, estamos percebendo um aumento significativo de pacientes com câncer em estágios mais avançados ao diagnóstico, o que significa menores chances de cura. Todo atendimento represado em 2020-21 aumentará a demanda nos próximos meses e anos. A SBOC tem atuado junto ao INCA e Ministério da Saúde por inúmeras medidas para melhor controle e aferição de resultados dos tratamentos do câncer no âmbito do SUS. Estamos avançando, mas muito ainda temos a fazer”, comenta Machado.Dia Mundial de Combate ao Câncer: importância da prevenção

No dia 4 de fevereiro, ocorre o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Nesse sentido, o também oncologista do CTCAN, Dr. Alex Seidel, ressalta a importância da prevenção ao câncer. Além da necessidade da realização de exames periódicos para o diagnóstico precoce da doença, o oncologista destaca algumas dicas importantes. Confira abaixo:5 dicas para prevenir o câncer:

1 - Não fumar: o tabagismo e a exposição passiva ao cigarro são importantes fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão, que é um dos mais comuns em homens e mulheres e também um dos mais agressivos. Entre fumantes, a mortalidade por este tipo de câncer é 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram.2 - Alimentação saudável: uma alimentação saudável pode evitar cerca de um terço de todos os casos de câncer. Por isso, tenha uma ingestão rica em alimentos de origem vegetal como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, e evite os alimentos ultraprocessados, como aqueles prontos para consumo ou prontos para aquecer, bebidas adoçadas, entre outros. 

3 - Manter o peso corporal adequado e praticar atividade física: as chances de desenvolver câncer são maiores se você está acima do peso. Realizar atividade física também é importante, pois quanto mais você se movimenta maior a proteção contra o câncer. A atividade física promove o equilíbrio hormonal, fortalece as defesas do organismo e reduz o tempo de trânsito gastrointestinal. Nesse sentido, você também estará contribuindo para prevenir o câncer de intestino e de mama, por exemplo.4 – Amamentar: o aleitamento materno protege as mães contra o câncer de mama, que é o mais incidente e de maior mortalidade entre as mulheres, e protege as crianças contra a obesidade infantil. Amamentar é a primeira ação de alimentação saudável.5 - Evitar a ingestão de bebidas alcoólicas: as bebidas alcoólicas têm um efeito cancerígeno sobre as células e favorecem o desenvolvimento de muitos tipos de câncer como o de boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado, intestino (cólon e reto) e mama (pré e pós-menopausa).