A noite era serena, estrelada e pastores nos arredores de Belém cuidavam das ovelhas, para que ladrões não as levassem, ou lobos não as devorassem. Conversavam para manter o sono longe deles, pois qualquer descuido poderia ser fatal. Conversavam, talvez, sobre as dificuldades da vida de gente pobre como eles, ou quiçá sobre a esperada vinda do Messias, tão aguardado pelo povo de Israel e que eles imaginavam vir como um rei poderoso e imbatível, com exército numeroso a transformar o seu povo no dominador do mundo, desalojando do poder os romanos, os poderosos de então. Era bom sonhar, Javé havia prometido e Javé cumpriria sua promessa.

Eis que, lhes causando um grande susto e iluminando a noite com uma forte luz um anjo lhes aparece dizendo: “Não tenhais medo! Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado em uma manjedoura”. (Lc 2, 10-12)

        E enquanto uma miríade de anjos cantava: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que ele ama!” (Lc 2,14) eles dirigiram-se a pequenina Belém, provavelmente discorrendo sobre a informação do anjo, “mas como, o Messias tão esperado acabara de nascer num estábulo e estava deitado numa manjedoura? Não deveria ter nascido num palácio e estar reclinado num berço de ouro com lençóis de cetim?” Em lá chegando viram realmente o Menino, tal qual a descrição do mensageiro celeste. “E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus, por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora dito”. Lc 2, 20).

Contudo, nestes dois mil anos, muitos não aceitaram e não aceitam o menino de Belém nascido de uma maneira tão humilde, vindo do céu e não podendo mudar esta realidade. Criam a ilusão de um natal feérico de luzes, de sons, de promoções e de papais noéis vindos do ermo pólo norte.

Que todos nós tenhamos um FELIZ NATAL e um fecundo 2022, colocando no centro de nossas vidas a gruta de Belém e a família que lá se completou.