Troca-troca da vergonha


Aproxima-se o fim do prazo para os brasileiros que querem concorrer nas eleições de outubro próximo escolham um partido, se ainda não têm, ou mudem de sigla nesta revoada medonha que costuma haver no Brasil. Para se ter uma ideia, há informes que pelo menos 10% dos deputados federais trocarão de ninho, o que significa que pelo menos 50 membros da Câmara farão a mudança. Sem contar os que ao longo destes quase quatro anos já fizeram isto.

Na próxima terça-feira, 29 de março, completo 30 anos em que assinei ficha no então PMDB, em 1992. Fiquei sempre nesta sigla, que apenas ela mudou de nome tirando o “P”. Tem uma declaração que fiz na Câmara como vereador e ainda solicitei que ficasse registrado nos anais da Casa, que se trocasse de partido eu estaria decretando o fim de minha política partidária. E afirmo que não faltaram convites de outros partidos para que eu mudasse e concorresse por eles.

Todo o político que troca de partido está errado? De maneira alguma. Uns mudam porque a sigla a que se filiaram mudou de ideologia ou fez algo de grave, que feriu sua consciência, ou ainda o preteriram em suas pretensões legítimas. Até a legislação eleitoral reconhece que este é legalmente um motivo justo. Há, todavia, aqueles que o fazem exclusivamente porque são aventureiros políticos, sempre em busca de satisfações pessoais, pleiteando cargos e benefícios. E nesta gama estão os que trocam a sigla uma ou duas vezes, cinco ou dez. Há aqueles que nesta mudança numerosa chegam a passar mais de uma vez pelo menos partido.

 

Estes “trocadores de letrinhas” geralmente são os que acabam realizando alianças espúrias, que tornam cada vez depravada a política brasileira e deixa os eleitores conscientes enojados. E uma das principais causas desse troca-troca vergonhoso é o número exagerado de partidos que temos no Brasil. Tivéssemos menos partidos, no máximo cinco e olha lá, não teria tanto aventureiro criando siglas vazias de conteúdo ideológico, servindo apenas para negociatas, principalmente em período eleitoral. Eu espero há trinta anos que isto mude.