Tempo de Reconciliação e conversão
O tempo da quaresma é marcado pela bela imagem do bom pastor que nos convida à reconciliação. É uma metáfora poética que nos conduz ao mundo pastoril e sugere presença, carinho, ternura, conhecimento, orientação, segurança.
Reunida em torno de Jesus e convicta de que ele lhe daria quantas vidas tivesse, a comunidade cristã pede a Deus que, apesar da sua fraqueza e das suas contradições, encontre segurança no pastor bom, aprenda a reconhecer sua voz e se comprometa com a missão de despertar, chamar, formar, acompanhar e enviar as diversas vocações eclesiais.
O Espírito Santo, dom recebido do Pai pelo Filho, possibilita aos discípulos e discípulas uma relação pessoal com Jesus Cristo. E esta relação começa com a experiência de ser chamado pelo nome.
A Deus não importa as funções hierárquicas, os papéis sociais ou eclesiais, os títulos de crédito ou de honra, as fraquezas éticas ou morais, mas unicamente o nome, a realidade humana que existe. O nome expressa nossa identidade mais profunda e original, e é isso que conta.
Reconhecendo a voz daquele que nos chama pelo nome, descobrimos também que Jesus entra em nossa casa e nos conduz para o caminho da reconciliação e da conversão.
Ele chama pelo nome e conduz aqueles que o ouvem para fora de si mesmos e para fora de um sistema que anestesia e, concomitantemente, separa, hierarquiza e aprisiona as pessoas. Ele nos ama, nos chama e nos envia!
Jesus se faz caminho e companheiro de caminhada, um pouco à frente para dissipar medos e incertezas, mas sempre próximo para curar as feridas e fortalecer nos tropeços. No fim, ele é porta aberta em forma de cruz, passagem-páscoa para a liberdade, seta que aponta para um outro mundo possível e urgente que é possível apenas através de nossa conversão.
O importante é reconhecer sua voz que nos chama pelo nome e nos manda sair porta a fora de nós mesmos. Temos de fazer crescer entre nós o respeito mútuo e a comunicação, o diálogo e a busca sincera da verdade. Precisamos respirar o quanto antes um clima mais amigável na Igreja, na comunidade e na sociedade. Não sairemos de qualquer crise se não voltamos todos ao espírito de Jesus. Ele é a porta, o caminho da reconciliação e da conversão.