O mundo, entre perplexo e temeroso, vê os talibãs retomando o controle no Afeganistão e, embora prometendo serem mais brandos do que já foram, o que se vê é a volta da barbárie. Se está ruim agora, esperem terminar agosto, quando ficarão senhores absolutos do país.

Por que falo em ironia no título da coluna? É que descobri que “talibã” quer dizer estudante. Se significasse “pouco instruído”, “selvagem”, ou “monstro”, talvez eu entendesse melhor. Estudantes são pessoas que buscam ser esclarecidas, que estimulam outros jovens ou até adultos a também buscarem o saber.

O leitor se lembra do nome MALALA YOUSAFZEI? É aquela menina paquistanesa, que queria estudar, amava estudar e teimava em ir à escola. Mas os “estudantes” homens (talibãs) dizem que isto não pode acontecer onde eles mandam. E, então, a alvejaram com um tiro na cabeça na saída da escola, quando ela tinha 15 anos, em 2012. Salvou-se e foi contemplada com o Prêmio Nobel da Paz e não se acomodou e continua sem medo a sua luta pela igualdade não só na sua pátria, o Paquistão, mas em todos os países, que tem como fundamento a SHARIA.

Os muçulmanos (islamitas) seguem a ALÁ e seu doutrinador aqui na terra foi Maomé, que, por inspiração de Alá, codificou o Corão. Sharia é o sistema jurídico do Islã. É um conjunto de normas derivadas do Corão. São muitos países islâmicos e nem todos interpretam a Sharia com o mesmo rigorismo. Uma das formas radicais de coibir o roubo é decepar a mão do ladrão. Valesse aqui no Brasil esta lei, quanto maneta haveria por aí.

Porém, quem mais sofre repressão dos talibãs são as mulheres. Devem estar cobertas da cabeça aos pés. Não podem sair à rua sem um acompanhante masculino (familiar) e que nem pense em estudar. A Malala que o diga. A mulher não pode ser examinada por médico, somente por médica. E aí surge o problema. Mulheres não podendo estudar nunca serão médicas. Consultar com quem, então? Profissionais estrangeiras iriam para lá, tendo que se submeter a leis tão retrógadas? Realmente, que “estudantes” são esses?