Seca: auxílio imediato, solução futura


Neste momento, se tem alguém que precisa de apoio são os agricultores gaúchos que sofrem com a estiagem. A terceira seca seguida no Rio Grande do Sul derrubou as perspectivas de colheita, deixando um rastro de prejuízo que não se restringe apenas ao setor primário, mas a toda uma cadeia de serviços que depende do dinheiro que vem das propriedades rurais. 

 

Para ilustrar o drama, basta dizer que à época do plantio da soja — principal cultura de verão —, a projeção era colher 21 milhões de toneladas. Agora, as perspectivas mais recentes da Emater apontam para uma produção de 16 milhões de toneladas. Um prejuízo que se repete em outras culturas e na pecuária. 

Os R$ 430 milhões anunciados recentemente pelo governo federal para enfrentar emergencialmente a estiagem foram como a chuva que caiu em algumas regiões: trouxeram alento, mas não resolveram o problema. Até porque ele é estrutural. Para sofrer menos daqui pra frente, é imprescindível destravarmos licenças ambientais e criarmos novas linhas de financiamento subsidiadas para a construção de sistemas de armazenamento de água e irrigação de lavouras. Além disso, fazer uma verdadeira varredura em todos os outros entraves que existem para a instalação de pivôs, como por exemplo a disponibilidade da energia elétrica necessária para o funcionamento dessas estruturas. 

 

Com o objetivo de avançar nessas questões, a Assembleia Legislativa aprovou por unanimidade na sessão do último dia 27 a constituição de uma Comissão de Representação Externa para acompanhar os impactos gerados pela estiagem no RS e sugerir alternativas capazes de amenizar as perdas ambientais, sociais e econômicas. Trata-se da formalização de um trabalho que já vinha sendo feito pelos deputados estaduais, a fim não apenas de apoiar os 340 municípios que já decretaram situação de emergência, mas também propor e destravar as soluções definitivas.

 

Assim como nós, o governo do Estado já vem se debruçando sobre esse tema, igualmente pressionando o governo federal por um auxílio mais robusto e pela confecção de políticas públicas perenes de estímulo ao setor primário. Se costumeiramente o PIB brasileiro é salvo pelo que o campo produz, agora é hora de o Brasil salvar o agricultor gaúcho.