O papel do exercício físico nas funções cognitivas – parte 2


A sensação de prazer após atividade física está relacionada com a liberação de endorfinas, os opióides endógenos. Quando você pensa na palavra "opióides", pode associar com drogas viciantes como o ópio ou a morfina. Mas seu corpo também produz suas próprias versões desses produtos químicos (chamados "endógenos" ou produzidos dentro de um organismo), geralmente em resposta a momentos de estresse físico. Opióides endógenos podem ligar-se aos receptores opióides no cérebro, que afetam todos os tipos de sistemas. A ativação dos receptores opióides pode ajudar a neutralizar a dor, algo que certamente está presente no final de um longo treino. Receptores opióides também podem atuar em áreas relacionadas com a recompensa. Lá, eles podem aumentar a liberação de dopamina, fazendo o exercício físico vigoroso mais agradável.

Um estudo de revisão da Universidade de Harvard examinou os mecanismos pelos quais a atividade física melhora a cognição. Revisaram estudos que avaliam os efeitos da atividade física sobre o desempenho das funções executivas mais tarde na vida. Os autores concluíram que a atividade física é fundamental para preservar as funções executivas, como a capacidade de planejar e priorizar tarefas. A capacidade de controlar os impulsos e a memória operacional também são ativadas com o exercício físico e podem representar um ganho importante frente ao envelhecimento.

Segundo os autores deste estudo, as pessoas idosas possuem uma maior dificuldade em fazer uso da informação sensorial, em detectar e corrigir erros, e em controlar as ações motoras quando se deparam com exigências do ambiente em que vivem. Sobre o tempo de reação simples e o tempo de antecipação, em idosos praticantes e não praticantes de atividade física, os autores concluem que os praticantes de atividade física tiveram resposta significativamente mais rápida na tarefa apresentada do que os que não praticavam atividade física.

Outro estudo americano, que envolveu 259 alunos do 3º e do 5º ano em outro distrito escolar, correlacionou de forma positiva a forma física (medida como resultado de aptidão física derivada da prática frequente de exercícios) com performance acadêmica. A partir deste estudo, tentou-se determinar quais as variáveis estavam em jogo mais precisamente.

O que se verificou foi que, primeiramente, o componente de atividade física correlacionado com ganhos acadêmicos foi principalmente o componente aeróbico, ou seja, quem praticava mais atividade aeróbia tinha melhor desempenho escolar.

Abaixo, segue um resumo com os principais efeitos cognitivos do exercício físico conforme as modalidades praticadas:

Musculação: melhora do pensamento complexo, raciocínio lógico, realização de múltiplas tarefas e resolução de problemas.

Yoga: diminui os níveis de ansiedade, medo e preocupação.

Cardio: melhora a memória.

HIIT (treinamento intervalado de alta intensidade): regula o apetite e desejos, diminuindo vícios, inclusive.

Esportes de estratégia e com obstáculos: eles são os que influenciam mais regiões do cérebro! Mas seus principais resultados são a melhora da atenção e da capacidade de transição entre tarefas.

A atividade física tem sido apontada como um importante coadjuvante no tratamento dos transtornos mentais, devido a seu efeito de regulação hormonal, equilíbrio de neurotransmissores, síntese de endocanabinóides, além do aumento de proteínas que aumentam a neurogênese.

Todos os transtornos mentais podem ser beneficiados por uma prescrição regular de atividade física com um especialista na área de educação física. O trabalho em conjunto com psicólogos e psiquiatras produz melhores resultados.

Pratique exercícios regularmente! Saúde, corpo e mente sãs garantidas! Abraço e até a próxima!