Guerra ao vivo


Rússia invade a Ucrânia. Vemos quilômetros de tanques e armas na estrada. Esconde submarinos nos mares adjacentes e aviões nos aeroportos ocupados. Cenário espetacular de um lado e do outro. Aprontando esconderijos, iniciam a saída migratória. Os países vizinhos se preparam. Tudo em suspense. Há sirenes reabilitadas nas cidades e instruções de todos os lados. Televisões com jornalistas a postos. Inicia a invasão e a violência. A paz morreu no primeiro canhão e o ódio enfureceu. Cenas de pessoas correndo, outras chorando, a noite não é mais noite e o dia já não tem mais a luz. E as ruas vazias, recebem balizas e empecilhos. Ao vivo, tem doido a noite inteira no embalo das reuniões de todos os lados e representantes para parar a guerra.

Desde que o homem pisou na terra iniciou a violência. Ela foi cultivada por revistinhas outrora e hoje por vídeos nos celulares. O mais forte vence o fraco e o despoja de seus bens, riquezas e reservas de seu trabalho. Como a abelha que faz o favo e o mel e o homem o recolhe para si. Ao décimo dia, mais de um milhão se refugiou, com crianças e órfãos, mães viúvas e idosos abandonados. E começa a fome, o frio, a escuridão, o fechamento da normalidade. Tudo fecha. Não há mais serviços senão escondidos e de risco. Fecham-se redes e encomendas, caminhos por terra, ar e mar. E pelo ar infinito vem os canhões sobre inocentes, terras e águas. Nada é verdadeiro e reina a mentira e a falsidade. Gritos e oração nos abrigos, igrejas e bunkers antiaéreos. A confusão reinante se estende pelo mundo todo. E o mundo torce de longe, sofre, se incomoda e xinga. É a guerra ao vivo. A audiência da mídia se amplia, pelos celulares. Décadas após recordar a guerra que vimos, nos marcou e ficou em nós. A guerra só termina com o último humano.