Fantasia da chuva
Vendo a chuva abundante sobre as plantas, gramados e ruas, a fantasia se solta e dança. Gotas mais grossas da chuva avisam para recolher as roupas, fechar a casa, ver o guarda-chuva, chamar as crianças para dentro de casa. Nuvem branca escureceu e solta a “Duda”, gotinha gordinha fazia tempo, esperava cair e escolheu cair no mar e foi engolida e desapareceu, para voltar, não sabe quando, ao seio de uma nova nuvem.
A “Vivi”, gotinha de sorte, voou e caiu no rio Amazonas e a correnteza a levou de arrasto para o mar. Nada a fazer senão voltar um dia e cair noutro lugar. Mas a “Lala”, gotinha mais comprida e madura, despenca e cai nas Cataratas do Iguaçu, sem recepção e aplausos pelo seu salto. Mas, veio a “ Lila”, quarta gota, já crescida e encorpada, e cai na terra dura e se espatifa, furando a barriguinha. O calor devolveu a nuvem e de lá viu a sementinha molhada se abrir e furou a terra e mostrou sua vida e força e se fez planta. A missão de desabrochar a vida em admirável poder. Pensava eu comigo qual destas gotas gostaria de ser?
Cair no mar, no rio, na catarata ou no campo. Foi então que me dei conta que a gota da chuva realiza sua missão, equilibrar os pólos gelados do mundo, devolvendo o mar à vida marinha de onde ao sair se evaporou. E no rio a equilibrar os ambientes pela sua passagem. Virar gelo, equilibrar o ar e a umidade, ou ainda fecundar a vida. Voltar à nuvem e servir, eis sua missão. Dei-me conta a água ser a própria vida da criação. Sempre bem-vinda, demorada ou atrapalhada, ora pelo volume, ora pela escassez. Ninguém acolhe e nem agradece.
E vi que a água se faz caminho para o navio, se faz ambiente para a vida, oxigena o ar, mantém a vida e se faz até luz e energia. A mesma água em gás, gelo, ou líquida na torneira cumpre a missão. Gota a gota faz florescer a vida e a criação.