Educar desenvolve o João


 

O Brasil tem quinze por cento de pessoas que não sabem ler e escrever, hoje. Fiquei padre e me enviaram ao interior e bairros das cidades visitava comunidades e ensinava e oferecia bíblias. Todos devem ter a bíblia. A vovozinha veio com o dinheirinho enrolado na mão e diz: ” eu vou comprar a minha.  E o senhor, me ensina ler e escrever? ”  E tinha o MOBRAL, programa do governo militar, chamado Movimento Brasileiro de Alfabetização. Quando vi tinha mais de mil alunos pela região. As escolinhas do Brizola, Governador Gaúcho, abrigavam os alunos de noite, ou fim de semana. Isto num tempo deu mais de mil títulos eleitorais novos e os políticos entraram em pânico. Mas, não basta ler para ouvir e entender. Não basta instrução, técnica, mas a formação para entender as letras, os documentos, os jornais, mas pela leitura entrar na história, porque não aprendi a ler antes? Precisa treinamento e acompanhamento. O Império e a República Brasileira não nos alcançaram a escola, mas as armas da guerra. A escola faz perguntar. A escola cria relações e convivência. Em Nazaré tem grande escola, onde estudam as crianças livremente matriculadas e ajudam na manutenção e as crianças são árabes, muçulmanas, cristãs, católicas, ortodoxas, judias, gregas e todos jogam bola, se abraçam e brincam juntas. A gente nasce universal e os humanos nos dividem em muros e não deixam as pessoas se falar, se ouvir, conviver e criar laços e vínculos. Ler e escrever cria laços, convivência e desenvolve a cabeça, une espaços, conhece os outros e sente o afeto por eles.  Educar é antes do salário, do trabalho. Do estudo nasce tudo e acompanha os empregos e a vida. Educar desenvolve o João. Faz pensar. Escolhe em quem votar. Aprende a técnica dos aparelhos e qualifica a vida para tudo.