Dr. Lucas fala sobre sintomas e tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo
“Acordo no meio da noite com a mão amortecida e dolorida, tenho que levantar para tentar achar uma posição mais confortável. No início, o desconforto surgia somente durante a noite, mas, com o passar do tempo, começou a surgir dor e amortecimento durante o dia também”.
Se você apresenta queixas semelhantes a estas, existe uma grande probabilidade de você possuir uma condição que pertence ao grupo conhecido como Síndromes Compressivas Nervosas Periféricas dos membros superiores. Essas síndromes, como o próprio nome já diz, correspondem a pontos de compressão dos nervos, que podem ocorrer em toda sua trajetória desde o braço até a mão.
Dentre essas síndromes a que mais se destaca, tanto pela frequência quanto pela sua fama, é a Síndrome do Túnel do Carpo (STC). O nome designa uma neuropatia por compressão do Nervo Mediano (principal nervo sensitivo da mão), na região do punho denominada de túnel carpal.
Existem diversos fatores que levam à síndrome do túnel do carpo, como: lesões por esforço repetitivo, causas traumáticas, inflamatórias (artrite reumatóide), hormonais (diabetes mellitus e doenças da tireóide), medicamentosas ou tumorais. Porém, na maioria dos casos existe uma associação de fatores desencadeantes.
A manifestação clínica mais comum da STC é a parestesia (sensação de dormência ou formigamento) nas mãos, em especial, nos dedos indicador, anelar e médio, com predominância no período noturno (paroxismo noturno), podendo apresentar também a sensação de choque que se estende até o antebraço e braço. Com a sua progressão, a síndrome pode evoluir para alterações de disfunção motora quando se torna difícil a manipulação de objetos e a execução de tarefas simples, como, por exemplo, lavar louça.
O diagnóstico é estabelecido através da associação de um exame físico criterioso com o exame de eletroneuromiografia, os quais podem confirmar ou descartar a hipótese diagnóstica como também fornecerem dados sobre a gravidade da compressão e, por consequência, qual o melhor tratamento para cada caso individualmente.
O tratamento, em casos de compressão leve e recente, pode ser abordado conservadoramente com a associação de medidas comportamentais associadas com medicações e o uso de órteses. Nos casos mais severos ou mais antigos, pode ser indicado o tratamento cirúrgico para a liberação do ponto de compressão do nervo.
Em casos de compressão grave e prolongada do nervo, sem a instituição de um tratamento adequado, pode ocorrer atrofia irreversível da mão, com recuperação limitada mesmo após o procedimento cirúrgico.
O procedimento cirúrgico, quando realizado por um profissional capacitado, apresenta elevados índices de satisfação, com melhora quase que imediata da maioria dos sintomas, associado com uma rápida reabilitação para as atividades do dia a dia.