CRIANÇA ENTRE FLORES
Somos corpo da terra e a ela voltamos. O ecossistema faz parte da gente desde nosso nascer. Iniciamos a vida conhecendo a natureza e o nosso mundo que nos acolhe e incorpora. Convivemos com o verde, com a vida que nasce e sentimos quando a natureza é ferida, machucada e nos alegramos no seu florir e frutificar. A vida da natureza ajuda a gente a curar nossas feridas do corpo, com a lama, a água, o ar, a planta, colher e nos alimentar, como um ato ecológico. Por outro lado, buscamos a sombra, o ar livre, o sol, o mar, o vento e até a chuva. A natureza nos cura da depressão, da vida pesada de angústias e fragilidades físicas. Reequilibra a mente das tensões, do imaginário e por vezes até o mórbido do coração pesado de amar, admirar, contemplar e silenciar e nos ajuda a desarmar ódios, vinganças, raivas e medos da vida e de outros. Seguimos na admiração da natureza da planta, dos animais, que em seus limites maravilhosos entram em nossa vida, com sua beleza própria e nos marcam com sua presença e beleza, assim como a singularidade do afeto e do carinho. E admiramos como a criança sentada entre as flores, conversa com elas e as afaga e sente seu aroma e a acaricia, para colher uma e levar consigo. E a criança se torna também afetuosa, desarmada e se sente bem com os outros. Enfim contemplamos e acessamos pelos sentidos a criação inteira humana e divina de uma mesma mão da sabedoria. Somos da terra, filhos e irmãos das criaturas todas, sob o olhar de nosso Pai. Entramos no tempo do mundo, convivemos com sua vida e dele partimos. Nada é nosso e nos servimos pela vida. Toda graça e vida, toda energia e beleza e se unem conosco num hino de glória e louvor. Todo dia é novo e saudamos as criaturas todas: bom dia! Somos mundo e céu. Plenificamos no céu o afeto e o amor que vivemos.