Combater os preconceitos


Quem já não foi vítima de algum tipo de preconceito? Em nossa vida escolar, nos nossos contatos sociais, no convívio com pessoas que não nos conhecem, na realização de alguma viagem, ao freqüentar alguma festa que não conhecíamos a maneira como deveríamos nos vestir, certamente já vivemos “na pele” algum tipo de preconceito. Se não fomos vítimas, então em alguma medida, no mínimo, agimos de forma preconceituosa: quem já não pré-julgou alguém pela aparência física, modo de vestir, origem econômica, ideologia, religião, partido político, estilo de vida. O preconceito faz parte do nosso comportamento cotidiano. O preconceito está nos gestos, nas palavras, nos discursos e, principalmente nas atitudes. Temos preconceito na televisão, na rua, nas festas, na escola, na igreja, na sala de aula. Geralmente não gostamos de ser tratados ou julgados preconceituosamente. No entanto, nem sempre nos damos conta que somos ou agimos de forma preconceituosa. Mas o que é o preconceito? Que atitudes revelam um modo de ser preconceituoso? De que maneira se constitui o preconceito? Por que estudá-lo é tão importante em nosso tempo? Qual a relação do preconceito com a boa convivência? A sala de aula pode se tornar um espaço saudável para diminuir o preconceito e cultivar a boa convivência?

Se formos ao dicionário veremos que preconceito significa “conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos”. Trata-se, portanto, de ideias preconcebidas, julgamentos ou opiniões formadas sem levar em conta os fatos que possibilite uma compreensão mais justa sobre uma determinada situação. O preconceito está na raiz e na origem dos piores desentendimentos da humanidade.

Pensar e refletir sobre os temas preconceito e boa convivência certamente se apresenta como uma urgência do nosso tempo. Seu estudo conjunto justifica-se pelo fato de serem duas formas opostas de comportamento social. Enquanto o preconceito caracteriza-se por um comportamento indesejável, responsável por uma convivência doentia e perversa que produz violência e mal-estar, a boa convivência se apresenta como um modo de viver aprazível e construtivo, capaz de gerar bem-estar e o desenvolvimento de uma convivência social salutar e promissora. Podemos afirmar com uma certa segurança que boa convivência é sinônimo de cidadania, a tão sonhada forma de vida nas sociedades democráticas avançadas.

Tratar dos preconceitos versus boa convivência se apresenta como uma das questões educacionais mais inquietantes na contemporaneidade, pois acreditávamos que o avanço civilizacional poderia significaria uma superação gradual e contínua dos preconceitos. No entanto, o que assistimos nos dias atuais é a renovação e o alastramento de mentalidades preconceituosas que geram apartação social, violência e atitudes condenáveis do ponto de vista ético e de uma convivência democrática.

Se prestarmos atenção no conteúdo de certos veículos de comunicação (televisão, rádios e jornais) ou nas redes sociais, veremos o preconceito se apresentar de forma camuflada e até mesmo explicita, e se transformar rapidamente em ódio ao diferente, seja por motivos políticos, religiosos, étnicos, sociais ou até mesmo culturais. Na raiz de toda atitude preconceituosa está a ignorância, ou seja, a falta de conhecimento suficiente para se dar conta que a dignidade humana não é medida pela conta bancária, pela cor da pele, pelo credo religioso ou pela filiação política; a dignidade humana se constitui pela capacidade de convivência que podemos desenvolver para viver respeitosamente junto ao diferente. Superar os preconceitos e construir a boa convivência é um belo e importante desafio educacional para todos nós.