Aprender com os fracassos


Fracasso é uma das palavras que a maioria das pessoas gostaria de riscar das suas vidas. Ninguém gosta de fracassar ou ser considerado um fracassado. Existem muitas formas e maneiras de fracassar: fracasso nos estudos, no trabalho, na vida profissional, na vida amorosa, na realização de uma tarefa, na educação dos filhos, na obtenção de um cargo importante, na forma de atuar socialmente. Na maioria das vezes o pânico do fracasso vem da forma “como os outros vão nos julgar”, ou seja, “o que os outros vão dizer do nosso fracasso”. 

 

Para evitar o fracasso ou ser visto como um fracassado muitos disfarçam, mentem, criam uma ilusão de si mesmos ou da situação que estão envolvidos. Assim, aos olhos dos outros não são vistos como fracassados, mas apenas como pessoas que não tiveram sorte, ou foram injustamente perseguidos. Assim, vemos estudantes negligentes repetindo o ano letivo, mas “a culpa é dos professores ou da escola”; funcionários demitidos por incompetência, mas “a culpa é do gerente ou dos colegas que tinham inveja”; filhos perdendo suas vidas pelas drogas, mas “a culpa é das más companhias”. Todos estas situações nos levam a questionar: o que significa fracassar? De que forma o fracasso pode se constituir num processo formativo? O que significa realizar um processo de aprendizagem a partir dos fracassos?

 

O grande estadista inglês Winston Churchill dizia em um dos seus consagrados discursos: “o sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”. Penso que esta frase curta e certeira nos ajuda a compreender a aprendizagem do fracasso. O problema não é fracassar, ou ter experiências de fracasso; “o aprender com o fracasso” está em como enfrentamos ou vivenciamos as situações de fracasso. Não há nada de errado ter dificuldades nos estudos, ter problemas no emprego, ficar perturbado em certas situações embaraçosas na educação dos filhos, ter momentos tristes e de frustração. Isso não significa fracassar. O fracasso acontece quando nos sentimos derrotados diante das dificuldades e somos incapazes de buscar ajuda para enfrentar aquilo que no momento não temos condições de enfrentar. Já dizia o grande escritor americano Charles Dickens: “cada fracasso ensina ao homem algo que ele precisava aprender”.

 

Aprender com os próprios fracassos, ou com os fracassos alheios talvez seja o grande segredo da vida. Um estudo cuidadoso da biografia das grandes personalidades da ciência, da arte, da filosofia ou das religiões, de forma surpreendente nos revelam que indistintamente todos se tonaram “grandes”, pois tinham consciência de suas fragilidades e tornaram seus fracassos experiências de superação. Como diziam metaforicamente nosso grande pensador Benjamim Franklin “o fracasso quebra as almas pequenas e engrandece as grandes, assim como o vento apaga a vela e atiça o fogo na floresta”. Mais do que nunca precisamos compreender o processo fundamental de vida de “aprender com os fracassos”.