A sombra da folha verde
Sentados à sombra das árvores o grupo repercutia a seca, o calor, o verão, os atrasos da vida e das plantas. Olhava aquelas árvores segurando os raios de sol e trocando o quente pela sombra agradável que acolhia a todos. Que bom ter sombra. Nenhum raio de sol passava aquela copa de folhas verdes, sobrepostas a segurar o calor e o brilho dos quase 40 graus. Todas as folhas, as mais expostas e altas, eram verdes e sem queimadura alguma. Nem máscara usavam as pessoas, porque à sombra das árvores enxugavam as gotículas dos vírus por ventura existentes. Quando a noite chegou, as árvores e seus galhos com milhares de folhinhas verdes, recolhiam todo ar queimado e o calor do dia e regulavam o frescor ambiental pela ação de sua presença. Lembrava comigo a energia duma folha, capaz de renovar a noite inteira e entregar novo dia, limpo, com ar purificado. Milagre da folha verde a regular o soberbo sol e sua ação. E lembro as plantas desfolham no outono e inverno, e achamos ruim a sujeira de folha seca caída, solta no chão. E a folhinha bendita do verão, vira malvada nas calçadas, nos bueiros que entopem e nas ruas. Lembro que o ambientalista juntou a folhinha seca caída, agradeceu seu serviço e falou não se importar das queixas dos humanos pela sua queda inoportuna. “As pessoas são assim, não agradecem”. Talvez por serem silenciosas e simples, as folhas cumprem sua missão e partem. E a folha vai sozinha, sem seu galho que a amou. E sem vida se torna a fecundidade dos jardins e da terra. “Oxalá, pudesse ser uma folhinha assim, pobre humilde, pensei comigo mesmo: Útil na vida e na morte”. Assim percebi cada criatura com eficiência e em seu tempo cumpre sua missão pelo bem de todos. Tudo gratuito, dom divino aos humanos, sinal e convite de ser a imagem e semelhança de quem a criou e nos ofereceu para cuidar.