A espiritualidade do amor
Amamos e nos dedicamos mais a quem mais nos ama. Difícil de medir o sentimento íntimo de cada um, mas nos indica onde colocamos a preocupação e nos envolvemos no sentimento. Naturalmente amamos a quem nos favorece e nos apoia, nos ajuda no trabalho e na vida. Também podemos estar em busca de afirmações e até nos centrarmos em nós mesmos e no nosso espelho. Também buscamos referências em pessoas que admiramos pela vida e seu testemunho. Outros doam sua vida por um amor maior, invisível e capazes de doar bens, serviços e tempo para pessoas em necessidades Também no canto e artes se ouve o verso, “enfim, o amor recebido é igual ao amor dado”. É uma visão muito real e até mentirosa. Ninguém ama outro por pensar igual. Na vida, encontrei pessoas preferidas em adoção, em escolha profissional, doações e heranças, que no final prejudicaram o acolhedor e sua família, empresa e bens, mesmo recebendo tudo, desde a escolha, os recursos, o carinho e a confiança gratuitamente. Responderam com violência e até com morte ao amor recebido. Sinto não ser este o amor que move o evangelho e os cristãos. Nosso amor resposta sempre é menor ao amor recebido, gratuito e permanente de nosso Deus. Não é igual ao amor que damos. Recebemos muito mais, até na misericórdia ao ingrato, assim como Cristo na cruz dá tudo e perdoa os algozes. No amor, a referência é outra. A fonte da animação está centrada numa pessoa, não em ídolos, nem em bens, ou em vantagens, em ideologias, ou prosperidade alguma, mas numa pessoa. Ele nos ama mais do que nós o amamos. Seu amor é eterno, superior e gratuito. Nós amamos mal, sempre voltados a nós mesmos. O amor verdadeiro faz caminhar com o sofredor, o necessitado e ao que estende a mão. Amamos muito pouco e devemos muito.