A árvore


Deitado à sombra da árvore, ouvia sua alma a me falar. E a nova primavera no seu calor, cores e brilho forte a exalar odores das flores e brotos da vida. Passamos a Covid-19, o inverno, a geada, os ventos frios e a chuva congelada. Abanavam os galhos, carregadas de folhas a vida a renovar. Sem os galhos, ramos e folhas, a vida se esvai. Despenca folha, solta e brota nova em seu lugar e outra a crescer. Toda manhã se torna gostosa, porque a noite inteira a vida se purifica de tudo. Retira os gases sujos e quentes e recoloca um novo dia para a gente. A árvore trabalha noite e dia, sem sair do lugar, firme no mesmo chão, onde foi plantada, sem sua escolha. Não come de suas folhas, nem de seus frutos, mas os oferece a todos os que dela se aproximam.  Árvore é admirável em sua vida e seu ser. Ela não olha quem vem, nem mau, nem bom, ela é de todos e para todos age e a todos acolhe. De começo pequena e, ao crescer, estende maior espaço de acolhida, como serviço purificado a todos. Logo ali uma baita raiz se mostra e entra pela terra, sem nunca voltar. A raiz a firma no pé e a segura dos ventos e temporais. E, ainda mais, leva água e seiva a todas as partes de seu organismo e com ele o alimento de sua vida. A sua raiz é um canal de vida, sem ela não poderia viver. A árvore toda, em cada parte, se faz o todo de sua vida e de seu ser. Acolhe passarinhos e grandes aves, acolhe animais e até gente em seu regaço. Oferece pousada e descanso e, sobretudo, ao encontro dos humanos tão difíceis pela sua vida errante. As árvores não podem se reunir e acolhem outros seres. Saudamos as árvores da floresta inteira e a quem a pensou e plantou. O avô dizia aos bisnetos, não posso ver vocês, nem dar chocolate, mas posso dar o pinhão e fruta que a árvore te alcança num abraço de gerações.